Prêmios Literários e Acadêmicos

                            Prêmio Capes de Teses 2022. Menção Honrosa. https://www.gov.br/capes/pt-br/assuntos/noticias/divulgada-lista-de-vencedores-do-premio-capes-de-tese


Prêmio Literário- Pet Letras  Universidade Federal de Alfenas 2022



 Consuetudinário

 (Prêmio Literário Motus - 2020) 

Disponível em: https://issuu.com/motus-unipampa/?fbclid=IwAR3aHqwMrULF6ft9kI6goHAzHHKbMSQwkiGnilITTa8i153nISi4_WQr9Wo.


Quando não eu

há um outro

dentro de mim.

Esse não me sei;

aquele, tampouco.

O outro é o que me acusa de estar!

 

Consuetudinário

espasmódico de outrem

grávido do que nunca vejo

em céus corrompidos:

astros repletos,

sombras incertas,

espectros de ser.

 

Professorando-me a carrapato

de

longa

data

 

vivo a

esmo

lá.

 

Nos desertos que ergo,

perco-me;

e é aí que me salvo.

 

Quando não eu

há um outro

dentro de mim.

Esse não me sei;

aquele, tão pouco...

O outro sempre me acusa de estar!

Em seus olhos, me vejo caminhar.

 

 

 Camaleão

Poema Vencedor do Concurso Internacional de Poesias promovido pela Associação de Escritores de Bragança Paulista - SP (2008)

Um homem que caminha com a morte a seu lado é mais sereno.

Seu guarda chuva está sempre disposto na fechadura da janela.

Seu casaco, pendurado no cabide.



Não que um homem ao lado da morte

tenha medo de chuva,

mas é que, como o guarda-chuva,

ele está sempre disposto.



Ele tem um acordo selado com a solidão, embora lhe agrade a mesa cheia em plena segunda-feira.

Conhece o inferno,

recorda-se do céu,

mas prefere o chão.



Conhece também todos os olhos claros que iluminam as esquinas.

Não guarda sorrisos

nem quando faz tristeza.



Sabe que todo ponto final é lugar de passagem

e que a única estadia definitiva é a estrada.

Parte sempre que algo se revela,

quando tem certeza e quando duvida.



O “Livro Sagrado dos Homens ao Lado da Morte” lhe revelou:

o caminho é lugar de salvação

e a mala pronta,

o único fardo a ser carregado.



O homem com uma morte bem do seu lado

tem passadas firmes, comedidas, elegantes.

Escreve poemas alegres,

ouve Bizet de madrugada,

e lê Rimbaud nas horas vagas.

É marxista de direita

e odeia verdades absolutas.



Uma homem que caminha lado a lado com a morte

sabe perfeitamente que o homem

é o parente mais próximo do camaleão

descendente direto das cigarras e dos bem-te-vis

Por isso,

um animal que

muda

canta

chega

e parte...

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Sempre-me
Poema vencedor do Concurso Nacional de Poesias "Carlos Drummond de Andrade" (SESC - DF)
 
O caminho de quem parte


permanece

nos olhos

que ficam



que fitam

que se espantam

que se findam.



Tudo o que encontro


se

perde

me

esconde

me

prende

me.



Todo encontro

me

desfaz

me

desarma

me

deserda

me

desmente

me

desvela

me

desmonta-me

E vive-se sempre muito depressa.
e sempre é tarde demais!


O homem do cerrado
Poema Premiado no Concurso Cultural "Calendário 2012" promovido pela Secretaria de Cultura de Uberlândia - MG (06/12/2011)

Canta de cigarras
Nomeia passados e sonhos
Faz ver cordeiro em onça
Tem visão de borboletas
É do tamanho do que vê
Torna maior o que toca
E biografa-se pequeno
Vê horizonte ao contrário
Deixa-se ser!
Guiado pela criança
que o acompanha. Persegue
a grandeza do ínfimo
Apequena a vida:
encanta-a!

 O olho de Hipácia
(Poema premiado no Concurso Literário "Emoção Repentina" (Assis Editora- Uberlândia - 2012).

Se fecho os olhos
olho o mundo
e vejo
todas as coisas que nunca conheci
e reparo
tudo o que não tenho diante de mim.
E amedronto-me com a naturalidade extraordinária do
cotidiano
inexpugnável!
Se fecho os olhos
canto
a grande música da vida
e ouço
as canções que nunca foram compostas,
e as sinfonias que jamais serão desempenhadas.
E sinto um medo da ordem daqueles que fogem à ordem
extraordinariamente eventual e contingente dos fatos.
De olhos fechados
apavoro-me dolorosamente
com o calor de todos os abraços
com o brilho de todas as estrelas
com a dor de todos os partos
com o medo de todos os fracos
e o perfume de todas as rosas
o amor de todos os homens
e o cansaço de todos os amores.


Viver é sempre
fechar os olhos.

Quando fecho os olhos
posso
ver o mundo
embora não sem medo.
Fechar os olhos
é
vi
ver
o
m
u
n
d
o...

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